Sei que essa frase já está mais do que manjada, mas ela é cada dia mais atual e apropriada para definir o carnaval.
Esse ano não foi diferente. Aliás, foi pior!
Pela primeira vez, desde que comecei a prestar atenção aos festejos de Momo, não vi o Jamelão puxando o samba da Mangueira! E nem o narrador se auto-corrigindo pela “enésima” vez: “O Jamelão detesta que o chame de puxador de samba, ele gosta de ser chamado de intérprete”.
Ainda me lembro da época em que o carnaval do Rio era na Avenida Rio Branco, as arquibancadas de madeira e a Portela ganhava sempre alguma coisa.
São Paulo fazia sua festa na Avenida Tiradentes e era considerada pelos bairristas cariocas como o túmulo do samba!
Hoje o carnaval tem seu próprio templo em ambas as cidades e a diferença de qualidade está cada dia se estreitando mais.
Se São Paulo era o túmulo do samba Amparo seria o quê? O purgatório?
O carnaval por aqui é já bem tradicional. Inclusive o carnaval de rua, que atualmente desfila para uma média de 15000 pessoas por dia.
Minha primeira imagem do tema reporta os meados da década de 70 e para uma figura respeitabilíssima que subia e descia a Rua Treze de Maio vestida de índio. Trajando uma saia e um cocar de penas brancas o Sr. Antônio Di Santi surgia aos berros imitando o gritos de guerra dos “peles vermelhas” do cinema.
Sempre que ele avistava uma criança vinha em sua direção e colocava a mão em sua cabeça como que nos abençoando. Décadas depois eu vim a descobrir que esse senhor era espírita e na verdade estava mesmo nos dando um passe e brincando o carnaval ao mesmo tempo.
Hoje vejo isso com ternura, mas na época eu odiava aquela figura desgraçada que deixava a mim e aos meus colegas com as pernas bambas de medo.
Mas havia o respeito típico de outrora. Nossos pais o tratavam com carinho e o povo o aplaudia como quem vê ali um herói. Acredito que nos dias de hoje o “Índio” do Sr. Antônio seria motivo de chacota da molecada e fatalmente voltaria para casa envolto numa crosta de espuma que a platéia haveria de esguichar por cima dele. Fora as vaias e os gritos de “viadinho, viadinho...”.
Quando de minha tenra idade ainda havia as matinês nos clubes. A criançada ia para lá às duas da tarde e ficava até umas seis, no máximo, pulando ao som das antigas marchinhas de carnaval devidamente acompanhadas de suas mães.
Tenho guardada com carinho uma única foto em que apareço vestido com uma tanga igual a do Tarzan que meu pai, então sapateiro, confeccionou com material da própria oficina. Lembro-me bem pouco desse dia, mas o pouco que lembro me remete a idéia de que não cheguei a brincar por mais do que dois minutos. Eu era tímido...
Assim como hoje a cidade não possuía mais do que quatro escolas de samba: a Verde e Rosa (conhecida como escola do Nato), o João Sujo, o Peraltas e a Estação. Essa última tinha na rua onde eu morava boa parte de seus dirigentes e como não poderia deixar de ser era a preferida de seus moradores. Menos de um: eu, que torcia pela Verde e Rosa (eu sempre fui do contra! Torcia pelo São Paulo numa época em que só havia torcedores de Santos, Corinthians e Palmeiras).
Era uma época em que o samba amparense ainda engatinhava e a bateria de uma escola possuía instrumentos que hoje nem se vê mais por aí, como atabaque e pratos de metal. E o tamborim era feito com pele de gato e se chamava teco-teco!
Nunca desfilei, ao contrário de meus colegas de Rua Carlos Gomes. Um deles, o Fabian, é hoje Mestre-Sala de uma escola de samba que nem existia nessa época. Seu pai, o Raul, fora presidente da Estação e compositor de um dos sambas mais populares da época, que falava de Gabriela, personagem de um romance de Jorge Amado.
Mas foi na adolescência que o carnaval teve maior influência na minha vida, pois acompanhei com olhos de entendedor o que acontecia em minha volta.
Torcia e comentava com meus amigos o que acontecia nos desfiles do Rio de Janeiro e debochava do carnaval provinciano de minha cidade, que nem competição tinha mais devido a tantas brigas. Mas não tinha idade para freqüentar os bailes de salão, o “must” da época!
Mas como todo adolescente acompanhava atentamente os bailes de salão que a TV Bandeirantes transmitia todas as noites até o meio da madrugada. Inesquecíveis os bailes do Monte Líbano, do Vermelho e Preto e do Scala...
Inesquecíveis por quê?
Oras! Porque tinha muita mulher pelada e sacanagem! Que outro motivo prenderia uma geração inteira de adolescentes na frente da tela de uma televisão até às 3 da manhã?
E não pense que exibiam cenas de sexo explícito! Era, quando muito, um festival de seios e bundas. Mui raramente se via uma passada de mão aqui ou ali.
Como esquecer do Otávio Mesquita, ainda um desconhecido, entrevistando um italiano debaixo de uma mesa enquanto esse era devidamente sugado por uma mulata voraz?
Nos dias seguintes fazíamos a famosa “vaquinha” na escola para comprar revistinhas de sacanagem com fotos proibidas dos carnavais que víamos pela TV. Cada dia um tinha o direito de levá-la para casa e fazer o que bem entendesse...
Fomos uma geração que cresceu com L.E.R. no braço direito. Alguns no esquerdo...
Ficava ouvindo as histórias dos garotos mais velhos que freqüentavam os salões da cidade e imaginava como seria o carnaval daqui. Será que a mulherada também colocava as “coisas” para fora?
Menor de idade só ia para o salão com alvará retirado no fórum! Quer dizer... Isso na teoria.
Quando me dei conta de que os clubes faziam “vista grossa” para isso também já havia perdido alguns carnavais. Bunda mole...
Mas meu dia ia chegar! E chegou.
Ainda assim demorou mais um pouco, pois essa besta que vos escreve decidiu inaugurar sua primeira noite de carnaval tomando um porre de St. Remy!
Antes de ir para o salão passei em casa para vomitar um pouco e de lá não mais saí naquela noite.
Mas na noite seguinte fui à forra e descobri algo que nunca imaginei fosse acontecer: descobri que não via muita graça nos carnavais de salão.
Confesso que a maioria de meus carnavais no salão foi meio induzida pela pressão de meus colegas. Não sei por que, mas nunca achei divertido ficar dando voltas no salão com um copo na mão ou cheirando lança perfume caseiro com fragrância de abacaxi.
Até me divertia com as palhaçadas, mas confesso que não ficava ansioso pela chegada dos bailes. Talvez pelo fato de sermos um bando de jacus que não pegavam nada o carnaval tinha um “que” de decepção. Não éramos tão feios ou babacas, éramos crianças que jamais iriam pegar alguma menina, pois a maioria era bem mais velha que a gente e as poucas que tinham nossa faixa etária queriam mesmo é saber de garotos mais velhos. Aquele papo de que “menina de bem” não freqüentava salão de carnaval antes de fazer 16 aninhos era quase uma regra naquela sociedade hipócrita.
Mas se por um lado não comi ninguém e não me diverti tanto quanto gostaria, presenciei coisas que são motivos de gargalhadas na mesa de um bar 20 anos depois de acontecerem. Eu e meus amigos recordamos com prazer das coisas engraçadas (outras nem tanto) que víamos e às vezes protagonizávamos.
O que não falta em carnaval é bêbado. E bêbado é uma merda...
Por conta da bebedeira de pessoas que não saem de casa para se divertir e sim para estragar a diversão dos outros vi brigas memoráveis e porque não dizer “históricas”!
A primeira vez que vi uma briga de socos, nariz sangrando, garrafadas e intervenção policial foi num baile de carnaval. E se não me falha a memória envolvia dois playboys da época: o Tico e o Teço (nomes fictícios). Só me lembro do barulho de garrafas e tapas logo ao meu lado e da banda que parou de tocar porque o couro tava comendo legal no salão.
“Eu tava lá! Vi tudo com meus próprios olhos!” – me orgulhava em dizer no outro dia e até anos mais tarde.
Mas a briga mais impressionante que presenciei foi a de um salão contra três paulistanos que resolveram mexer com a garota de um rapaz bastante querido pela platéia. Até hoje nunca vi alguém apanhar tanto como aqueles três coitados. A muvuca se arrastou para o lado de fora do salão e a partir daí eu não vi mais nada. Já estava suficientemente impressionado com a barbárie. Reza a lenda que um deles chegou a ser jogado dentro do rio que corta a cidade e passa ao lado do clube.
Mas nem só de pancadaria vive o reinado de Momo!
Uma bela noite, lá pelas tantas da madrugada ficamos assistindo a uma cena cômica. Um cidadão parou no canto do palco, que não ficava a mais do que um metro do chão da quadra e resolveu esticar uma carreira de pó para cheirar. Como ele já estava num estado de bebedeira bastante avançada seu esforço para conseguir construir a trilha de cocaína era quase comovente.
Ficamos ali, a poucos metros da cena, nos divertindo com sua saga em busca da cocaína voadora!
O que ele não sabia era que o Negão que tocava surdo na banda que animava a festa também estava assistindo ao seu show.
Só que o Negão era daqueles que gostavam de uma farra e assim que o viciado terminava a sua obra de arte ele mirava a parte debaixo do surdo para o pó devidamente “esticado” e com o deslocamento de ar que saía do instrumento fazia a “carreira” literalmente ir pelos ares.
O bebaça, de mãos na cintura, não entendia o que estava acontecendo e reclamava com algum amigo imaginário. Em seguida esticava outra. E para o nosso deleite assim que ela estava pronta o Negão nos dava uma piscadela e “Tum Tum Tum” em cima da carreira do pobre infeliz.
Essa epopéia durou umas três ou quatro carreiras até que o estoque do rapaz acabou e ele se voltou para o bar.
Os seguranças do clube eram uns casos a parte. Vimos um que, inconformado com determinada ordem recebida, pegou o seu guarda chuva e disse que ia para a casa de sua mãe. Parecia uma criança de dez anos com corpo de rinoceronte.
Outro tinha o hábito de coibir severamente o uso de lança perfume. Assim que ele detectava algum desconhecido cheirando um lenço ele avançava em sua direção e educadamente retirava de suas mãos a droga da moda.
Não colocava o usuário para fora, nem fazia escândalo. Apenas guardava o frasco em um local seguro para, mais tarde, vir nos oferecer por um preçinho camarada.
Lembro-me desse segurança completamente chapado pulando carnaval abraçado com seus companheiros num fim de noite qualquer.
Falando em lança perfumes...
Nada foi mais adrenalizante e engraçado do que ver o Baixinho entrar no salão com um tubo de lança da pior qualidade, na cintura.
Compramos, através da famosa vaquinha, um tubo de lança perfume “importado” do Paraguai. Quem nos vendeu foi nosso camarada que carinhosamente chamávamos de “Trambique”, um sujeito que já aos 15 anos vendia muamba.
Era “um tubo metálico de cor púrpura que exalava uma porcaria que nem “barato” dava direito”, mas para a garotada era transgressão do mesmo jeito. O que importava era aprontar!
Já na porta do clube pintou uma dúvida: quem iria passar pela revista da polícia com o tubo escondido?
A gente não estava a fim de cheirar a “coisa” do lado de fora do salão! O legal era mandar ver lá dentro! Mas ninguém se oferecera para ser a “mula”.
E como os tempos de ditadura militar já se esvairam decidimos da forma mais democrática possível: na base do “dois ou um”!
Nós, os cinco sócios do lança, fizemos uma rodinha no estacionamento e fomos tirando “dois ou um” até que só restasse um perdedor. Quem colocasse uma quantidade diferente de dedos dos outros estava livre. Eu fui o segundo a sair e observei com um sadismo amoral o suor de medo que escorria da testa dos que ficaram no jogo.
No final a responsabilidade de carregar o entorpecente para dentro do salão ficou com o sujeito mais correto e educado de todos nós: o Baixinho!
Seria trágico se não fosse cômico! Dava para ver as perninhas do garoto tremendo de medo!
E quem fazia a revista não eram os seguranças do clube. Se fossem você entrava com uma árvore de maconha numa mão e uma AR15 na outra. Quem fazia a vistoria era a própria Polícia Militar!
Justamente nesse dia o Tenente que comandava a tropa estava por lá.
O pobre do Baixinho nem respirava de tanto medo! Passamos primeiro, ele depois. E talvez por ele ter uma cara de gente de bem a revista foi superficial e o pobre diabo passou incólume às mãos dos “puliça”.
Vibramos de alívio, mas durou pouco. A besta resolveu comemorar a façanha a pouco mais de cinco metros da revista como se tivesse marcado um gol em final de campeonato!
Com os punhos para cima ele nos olhou em glória total sem pensar que logo atrás dele havia pelo menos cinco policiais prontos para pegá-lo de jeito.
Do alto da escada observei todo o desenrolar da ação e quando o vi com os braços para o alto pensei: “Fudeu!”.
Mas Deus ficou com tanta pena da sua asneira que manteve os “puliça” ocupados com outras coisas.
Colocamos o pequeno infrator para dentro do salão aos berros de: “Cê tá loco?!” E pude sentir o seu braço gelado pelo medo.
Aquela porcaria não durou mais do que meia hora, mas rendeu boas risadas. Depois que tudo dá certo fica fácil rir, não é verdade?
No fim dessa noite tivemos nosso momento de glória. Um sujeito que devia ter bebido lança, ao invés de cheirar veio até o meio do salão com sua namorada gostosa e igualmente chapada para dançar.
A alcatéia de pequenos tarados parou ao lado dos dois só para ver a bermudinha de algodão da moça quase que totalmente atochada na bunda.
Enquanto seu namorado se entorpecia de mais lança a moça fazia a alegria da garotada dançando conosco o samba-enredo que mais pegou naquele carnaval e que dizia em seu refrão: “Tem bumbum de fora pra chuchu, qualquer dia é todo mundo nu”.
Só que a Cinderela entorpecida cantava junto conosco aos risos: “Tem bumbum de fora pra chuchu, qualquer dia eu vou tomar no cu”. E a gente só faltou abraçá-la na frente do moço que insistia em não parar de pé de tão maluco que estava.
Duas coisas que eu não me esqueço desse acontecimento: a bunda da loira e a cara de merda do corno bebaça que ria sem entender nada.
Eu só fui ter uma real noção de como ficamos idiotas sob o efeito do lança quando, alguns anos depois, comecei a namorar a Hellen e fui ao salão com ela.
Como eu não era otário de levar minha namorada na cova dos leões (leia-se meio do salão), fiquei nas mesas bem comportadinho dançando e beijando minha recém adquirida companheira. De lá tinha uma visão quase que geral do que acontecia ao meu redor. E finalmente descobri porque a gente não pegava ninguém!
Volta e meia meus amigos passavam a minha frente e a cena que eu via era desanimadora...
Um bando de moleques completamente chapados se apoiando uns nos outros para não cair no chão. Era o trenzinho dos chapados!
Quando eles passavam batia um cheiro de lança perfume vagabundo que nem a menos criteriosa das mulheres seria capaz de aceitar!
Era deprimente!
Eu tinha duas certezas absolutas: eles estavam se divertindo bastante e o máximo que poderia acontecer no final daquela noite em termos de sexo era uma sessão de “auto-ajuda” em casa! Mulher nem pensar!
Eu até que sentia vontade de estar um pouquinho com eles, mas com certeza a minha noite terminaria bem melhor do jeito que estava...
Mas a maior e mais infantil de minhas glórias carnavalescas aconteceu ao lado do Pavão!
Foi algo absolutamente imbecil, infantil, estúpido, grosseiro, boçal e pacóvio, mas naquele momento foi muito divertido. E hoje, relembrando tudo o que aconteceu, mais ainda!
Não existe status maior para um adolescente do sexo masculino do que se gabar do que fez, mesmo que não tenha feito.
E diferentemente de hoje em dia, voltar para casa com o sol no céu era algo que só os mais “fodas” conseguiam. E um dia nós dois fomos os “fodas”!
Voltamos para casa as 08h30min de uma quarta-feira de cinzas!
Não... Ao contrário do que você está pensando nós não dormimos com a putada, nem terminamos a noite deitados no meio fio babando verde de tanta bebedeira. Nós simplesmente ficamos até a essa hora no salão só pelo prazer de poder contar vantagem para os amigos!
Não comemos ninguém, não beijamos ninguém, nem enfiamos o pé na jaca! Apenas testamos nossos limites de paciência.
Fizemos um pacto (?) na noite anterior que consistia em só deixar o salão quando a banda desligasse a aparelhagem de som. E assim fizemos. E não fomos os únicos! Havia mais cretinos como nós que gostavam dessa brincadeira...
Lá pelas quatro da manhã estávamos dormindo em pé, mas pacto é pacto! Encostamos no palco e esperamos até o último segundo para deixar o salão. Dali só saía-mos para lavar o rosto no banheiro ou dançar um pouco para acordar. Eu disse dançar?
Nossas pernas nem se moviam mais sem se dobrarem. Aquilo já era uma questão de honra, um ato heróico de dois garotos com dezessete anos que precisavam de uma história para contar.
Suportamos tudo aquilo bravamente!
E fomos contemplados com um prêmio inesperado e sonhado por qualquer Athleticano como nós: um mergulho na piscina do Irapuã!
Até aí, nada demais, certo? Já explico onde estava a graça...
Na época o presidente do clube era um cara totalmente maluco, e no final daquela noite ele subiu ao palco e anunciou com a voz característica de quem bebeu uma garrafa de vodka: “A piscina ta liberada cambada!!!”.
Tal qual o estouro de uma boiada a galera subiu até o conjunto aquático e se esbaldou nas gélidas águas que a manhã proporcionava.
Lembro-me do Pavão com o seu par de tênis azul royal, modelo iate, da Rainha, na mão, pulando de cabeça na minha frente. Eu pulei de bunda com tênis e tudo! Tênis não, eu usava um modelo conhecido como “chineizinho” que durou exatamente as quatro noites de carnaval, pois voltei descalço para casa.
Aí é que entra a parte ridícula e cômica da história.
Antigamente o Irapuã era um clube considerado de classe alta. O Floresta um clube de classe média e o Athlético o clube do povão.
Nessa época isso já não valia mais porque as coisas já haviam mudado bastante, mas a fama continuava a mesma. Nós do “proletariado” mesmo tendo um clube infinitas vezes melhor, ainda víamos o Irapuã como quem vê a elite.
Quando demos por conta estávamos nadando em águas inimigas e como que por encanto nos veio a mente a chance de nos vingar dos “playboyzinhos”.
E o que que um pobre faria numa hora dessas? Claro... Mijaria na piscina!
E foi exatamente o que fizemos! E o fizemos rindo de escorrer lágrimas dos olhos!
Saímos completamente realizados de lá e nem demos moral para uma turma que insistia em batucar na porta do clube como que clamando por mais umas migalhas de folia! Para nós não precisava mais nada! O esforço já havia valido a pena!
Mesmo que o filtro limpasse, nossa marca havia ficado para sempre no tanque dos “tubarões”! Era a forra!
Eu juro que ainda não acredito que fiz isso... Mas o Pavão me lembrou o caso há alguns dias atrás e rimos compulsivamente de nossa própria ignorância.
Hoje meus carnavais se resumem a sair fantasiado de mulher na terça-feira de carnaval no já tradicional Banho da Doroti, mas confesso que o carnaval já não tem mais a mesma graça.
Já não temos mais a inocência de achar que se brinca carnaval com um lenço ensopado de lança na boca, já não temos sequer os bailes de salão, já não temos o chato do Índio para nos assustar, nem a Spaca Montagna para nos fazer rir, não nos excitamos em frente à TV já que aquilo que ela mostrava de madrugada agora é fato recorrente da novela das oito (que começa as 9), já não temos nem o Jamelão “interpretando” o samba da Mangueira, não temos “Bumbum de fora pra chuchu, nem “Explode coração na maior felicidade”...
Só nos resta a mesmice dos enredos manjados de conotação Afro-Oriental.
Não agüento mais cantar “ O apogeu e glória do Rei Nagô nas terras férteis de Tupi sob os olhares condescendentes da Coroa Imperial. O sol de um novo amanhecer no horizonte de Iemanjá”.
“Gabriela, cravo e canela... Seu corpo maravilha não era só dela...”
É Seu Raul... Tu fazes falta meu velho...
sábado, 10 de maio de 2008
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário